PF na Ecohouse: Lavagem, sonegação, crimes tributários e formação de quadrilha
O grupo econômico que tem como mandante o inglês Anthony Armstrong,
ex-presidente do Alecrim Futebol Clube, está sendo investigado pela
Polícia Federal e Receita Federal por suspeitas de lavagem de dinheiro,
sonegação fiscal, crimes tributários e formação de quadrilha. Nesta
quinta-feira (30), foi deflagrada a “Operação Godfather”, na qual 10
mandados de busca e apreensão foram cumpridos, sendo oito somente em
Natal, 1 em Pipa, município de Tibau do Sul, e outro em Fortaleza (CE).
As investigações tiveram início em agosto deste ano após informações
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras- COAF, de que havia um
esquema de lavagem de dinheiro através do qual uma suposta quadrilha
com sede na capital potiguar, captava recursos de particulares no
exterior com promessa de ganhos na ordem de 12 a 20% ao ano, sendo que o
investimento nunca era repassado para esses investidores. A PF apurou
que somente no mercado de Cingapura foram lesados pelo grupo cerca de 2
mil investidores, sendo que cada cota vendida naquele país equivalia a
46 mil dólares.
“Esse grupo econômico se instalou no Rio Grande do Norte em 2009. O
COAF passou para a Receita documentos nos quais eles suspeitavam do
esquema, pela constante movimentação que era feita por essa empresa.
Durante esse tempo eles movimentaram cerca de R$ 150 milhões em todo o
Brasil. Também temos informações de que um grupo está fazendo a mesma
coisa na Itália, mas não podemos confirmar de que se trata do mesmo
grupo”, explicou o delegado Rubens França, delegado da PF.
Nesta operação, a PF utilizou 50 policiais e contou ainda com a
participação de 12 fiscais da Receita. Um dos locais “visitados” pela PF
foi a empresa Ecohouse, que é de propriedade do inglês Anthony
Armstrong, ex-presidente do Alecrim. O nome “Godfather” é uma alusão
exatamente a ele, que é o principal investigado e presidente do grupo e
que foi apelidado pela imprensa potiguar de “O Poderoso Chefão” na época
que era presidente do Alecrim e mantinha uma relação “dura” com os
jornalistas. Em um episódio ele barrou a entrada da imprensa no Ninho do
Periquito, alegando que estava “disciplinando os jornalistas”.
Armstrong também é proprietário de um time na Itália, o Monza.
Segundo o delegado Rubens França, apesar de ninguém ainda ter sido
preso, a PF tem provas suficientes para indiciar os mandatários do
grupo. “São três pessoas que comandam o grupo, apesar do grupo ter
diversos laranjas. Nós pedimos a prisão dos três, mas o mandado de
prisão não foi expedido pela Justiça. Quando nós pedimos os mandados,
significa que temos provas suficientes para indiciar essas pessoas.
Agora, com os documentos apreendidos, nós queremos conseguir ainda mais
informações para apresentar um caso ainda mais consistente”.
Já Marcos Hubner Flores, delegado da Receita Federal, informou que o
grupo também pode ter adquirido imóveis de forma irregular. “Também
fizemos o sequestro dos bens físicos e econômicos desse grupo econômico.
Existem indícios de que eles fizeram compras irregulares de alguns
imóveis. Temos essa documentação apreendida e vamos analisar os gastos
desse grupo”.
Por fim, Rubens França disse acreditar que novos crimes cometidos por
esse grupo econômico possam aparecer nos próximos dias. “Esse grupo
trabalhava na área da construção e fez negócios com muitas pessoas. Com
esses documentos, acreditamos que vamos encontrar várias outras
situações. Também esperamos que pessoas que fizeram negócio com esse
grupo e ainda não receberam, possam aparecer para termos uma denúncia
com mais acusações”.
TN
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