29/05/2016

DECLARAÇÕES DE STYVENSON REPERCUTEM NAS POLICIAS

Capitão Styvenson sobre a Polícia Civil: “Que porra de Lei é essa nesse país de merda”

Está circulando na internet um áudio cuja autoria está sendo atribuída ao capitão Styvenson Valentim, coordenador da Lei Seca no Rio Grande do Norte.
Na gravação, que vazou para as redes sociais, o militar achincalha com a Policia Civil do Rio Grande do Norte, externando todo o desprezo que aparentemente nutre pela corporação, tradicional aliada da Polícia Militar, instituição da qual faz parte.
Nem mesmo a própria PM escapou de ser alvo da retórica do militar, que diz que os bons resultados da Operação Lei Seca são decorrentes do seu trabalho pessoal.
“O policiamento que eu faço depende de mim e só de mim mesmo, por isso é coisa bem feita. Não sou vinculado a CPRN, não sou vinculado a Policia Militar e Detran. As coisas que eu faço não é por instituição, não. É por mim mesmo”, assinala.
Valentim, que chega a taxar o Brasil de “País de merda”, diz que “o policial civil ganha muito bem para não fazer e um delegado ganha R$ 23 mil para não fazer nada”. Ele complementa afirmando que os “delegados acham que têm poder sobrenatural para não fazer nada”. O capitão afirma ainda que já denunciou as delegacias que não querem trabalhar por “preguiça”.

REPERCUSSÃO
As declarações do policial militar repercutiram de imediato, fazendo com que surgissem nos grupos de whatsApp novos áudios sobre o assunto.
Em um deles, um provável policial civil sediado na região Oeste do estado diz que Valentim quer aparecer e retruca: “mande ele vim aqui para região do Alto Oeste combater bandido e assaltante de banco, pois prender bêbado dirigindo é fácil demais. Agora querer aparecer na mídia e ficar conversando M… ele sabe. Mande ele vim para cá para ver como a gente trabalha”, diz o áudio.
Em um outro áudio que circula na internet, um suposto tenente-coronel PM de nome Valterlei, diz que ouviu “com muita preocupação a fala do capitão, tecendo acusações desnecessárias, inoportunas e que não retratam a verdadeira realidade”.
O oficial superior ressalta que os policiais civil e militar são companheiros inseparáveis. “Quero deixar o meu pedido de desculpas aos valorosos companheiros da Polícia Civil”. Ele enfatiza que Valentim tem o dever de pedir desculpas a Polícia Civil do Rio Grande do Norte.

Confira o áudio aqui: http://flaviomarinho.com.br/site/em-audio-que-vaza-na-internet-capitao-styvenson-achincalha-policia-civil-do-rn-e-diz-que-agentes-e-delegados-sao-preguicosos/
 
 
 
Coronel da Reserva da Polícia Militar pede desculpas a Polícia Civil por palavras de Styvenson

Veja as palavras do Coronel da Reserva da PM José Walterler Santos abaixo: “Ouvi com muita preocupação essa fala do Capitão Styvenson tecendo acusações desnecessárias, inoportunas, inadequadas e que não retratam a verdadeira realidade. Na Polícia Militar e na Polícia Civil existem os bons e existem aqueles que não querem absolutamente nada com nada. Todos nós sabemos disso. Existem aqueles indivíduos que utilizam apenas as nossas prerrogativas para atender os seus interesses pessoais. Mas a grande maioria, 90% ou mais, todos sem exceção, Polícia Civil e Polícia Militar são companheiros inseparáveis, homens que lutam no seu dia dia, dando o sacrifício da sua vida em prol dos interesses da instituição. Independentemente do desconhecimento, da desvalorização, do desrespeito com que o próprio governo trata a todos nós policiais militares.
Portanto, eu na condição de Coronel da Polícia Militar, quero deixar aqui registrado o meu pedido de desculpas aos valorosos companheiros da Polícia Civil e dizer que a manifestação singular desse jovem capitão, nem pode e nem deve ser motivo para achincalhar ou desvirtuar os verdadeiros objetivos de todos nós policiais civis ou militares. Nós somos efetivamente grandes profissionais. E não podemos, Senhor Capitão Styvenson, generalizar. O senhor tem o dever de  pedir desculpas a Polícia Civil do Rio Grande do Norte.”
 
 
Em nota, SINPOL diz que Styvenson desrespeitou a categoria e buscará retratação

A Associação dos Delegados de Polícia Civil do Rio Grande do Norte (ADEPOL/RN) vem a público manifestar total repúdio às graves declarações imputadas ao capitão PM Styvenson Valentim, coordenador da Lei Seca no Estado, que ganharam repercussão nas redes sociais da internet hoje, 28 de maio de 2016, quando o referido oficial desqualifica, afronta e agride a categoria e a instituição Polícia Civil.
O capitão Styvenson atacou, de forma grosseira, a honra de uma categoria que é reconhecida pela sociedade potiguar pelo seu profissionalismo e comprometimento, atributos que devem ser preservados, sob pena de comprometer a própria ordem pública. Generalizar e colocar na vala comum todos os integrantes de uma instituição é uma medida arrogante e presunçosa.
Surpreendem as declarações, posto que a Polícia Judiciária, apesar dos parcos recursos disponíveis, se esforça ao máximo, ao longo dos anos, para proporcionar maior segurança à sociedade potiguar. Muitos são os profissionais que trabalham diuturnamente, com risco à própria vida, para diminuir os altos índices de criminalidade que assolam o estado potiguar. Este esforço e dedicação não podem ser jogados à lama por questões alheias aos interesses coletivos.
Existe toda uma ordem jurídica e legal a ser seguida nas ocorrências policiais, não podendo o Delegado de Polícia exercer suas atividades ao arrepio da Lei, apenas para atender pretensão individual de quem quer que seja. Vivemos em um Estado Democrático de Direito!!!
A ADEPOL/RN ingressará com as medidas judiciais e administrativas contra o agressor, por entender que ele, além de praticar uma transgressão disciplinar, maculou, de forma injusta, a honra dos Delegados de Polícia, categoria centenária no sistema jurídico brasileiro, exercendo atribuição essencial à justiça e exclusiva de Estado, e, não por outro motivo, é considerada a primeira garantidora dos direitos fundamentais do cidadão.
O aparelho da segurança pública é formado por instituições que devem agir entre si com ética, respeito e profissionalismo, buscando sempre o aprimoramento do trabalho e melhor resposta ao anseio popular e ao cumprimento da Justiça.
Por fim, a ADEPOL/RN acredita que a manifestação do referido capitão não é compartilhada pela Polícia Militar, instituição que, cotidianamente, anda ao lado dos Delegados de Polícia no combate à criminalidade e na manutenção da ordem pública e defesa do cidadão.
 
O Potiguar

Nenhum comentário: